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Catarina

Feminista, cicloativista, vegetariana, cada vez mais parte de Fortaleza. A necessidade de aprender a pedalar para conseguir tirar a CNH AB (para carros e motos) e uma bicicleta infantil do Ben 10. O que tudo isso tem a ver? Há quatro anos, os rumos da vida de Catarina Silver mudaram por duas rodas. A professora e fotógrafa conta que a bike a escolheu. 

 

“Eu tinha comprado uma moto e fui tirar a CNH. Na primeira aula, eu não conseguia nem deixar a moto em pé. Então o instrutor disse que precisava aprender a andar de bicicleta. Comprei uma do Ben 10, de criança, e aprendi no mesmo dia”, relembra. Pedalando com essa mesma bike para ir para auto-escola, Catarina “se apaixonou” pelo modal. Hoje, pedalar faz parte de “95% dos trajetos” que ela faz por Fortaleza.

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Catarina aprendeu a pedalar aos 28. Desde então, são quatro anos em que a bicicleta faz parte de seus trajetos e transforma seu dia a dia

Hoje, pedalar faz parte de “95% dos trajetos” que ela faz por Fortaleza entre os bairros Benfica, Bairro de Fátima, Centro, Dragão do Mar, Beira Mar e Monte Castelo. A cicloativista conta que “na medida do possível, tento somar na luta para que a bike se torne cada vez mais um modal; sobretudo para as mulheres. Para que haja respeito no trânsito e para que o pedal seja reconhecido como um meio de transporte como qualquer outro”.

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Movida por esse objetivo, Catarina idealizou, em junho de 2016, o projeto autogerido Pedalzinho das Mina. O intuito era “trazer mais mulheres para o trânsito usando a bike como meio de transporte”.  O primeiro ano contou com diversas ações para ensinar mulheres a pedalarem e incentivá-las a adotar o modal no dia a dia. Entretanto, diante de dificuldades pessoais das idealizadoras, o ano seguinte foi marcado pela inatividade. Desde setembro, o grupo de mulheres tenta retomar o projeto com passeios mensais de bicicleta pelas ruas da Capital.

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Foi também pelo cicloativismo que a fotógrafa conheceu "diversas pessoas e projetos que entendem a bicicleta como um projeto político". Entre eles ela cita o Fórum Nordestino de Bicicleta (FNEBici), o Bicicultura – Encontro Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta e Cicloativismo e o documentário Ciclovida, que acompanha a cicloviagem de Inácio e Ivânia que vai de Pentecoste, no Ceará, até Buenos Aires fomentando o uso de sementes naturais entre agricultores.

A bicicleta entre acompanha Catarina pelos bairros da Capital, entre eles Benfica, Bairro de Fátima, Centro, Beira Mar e Monte Castelo. Clique na galeria e conheça mais sobre seu companheirismo

Em seu pedalar cotidiano, Catarina prefere não andar nas ciclofaixas. “As ciclofaixas quando não são esburacadas, são escuras, estreitas e frequentemente estão sujas”, argumenta. Outra razão para evitá-las é um assalto violento que sofreu há cerca de um ano enquanto voltava do Centro por volta de 21 horas. Na sua percepção, estar na ciclofaixa a deixou mais vulnerável e sem espaço para fuga.

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Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, as ciclovias e ciclofaixas são de circulação exclusiva para veículos de pelo menos duas rodas movidos à propulsão humana. Entretanto, essa determinação não proíbe ciclistas de andarem nas laterais das ruas, mesmo naquelas que têm ciclovias ou ciclofaixas.

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Nesse contexto, a cicloativista afirma que a maior dificuldade no trânsito é “a falta de educação dos motoristas”. Para ela, “como meio de transporte, a bike é um meio mais vulnerável, afinal o que está ali mais diretamente é meu corpo”. Ela conta ainda que os motoristas de ônibus são os que mais “botam pra cima” dos ciclistas. Luana Holanda e Natália Prado são duas mulheres que enfrentaram isso na pele.

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Em maio, Luana foi vítima de atropelamento por um ônibus na avenida Antônio Sales e teve sua perna direita amputada. Há duas semanas, Natália perdeu a vida quando foi atingida por um ônibus em um cruzamento da avenida Bezerra de Menezes. Desde setembro, a Prefeitura de Fortaleza está adesivando os chamados pontos cegos dos ônibus, pontos no entorno dos veículos onde os motoristas têm pouca visibilidade, com a intenção de evitar acidentes no trânsito.

 

Texto por Marcela Tosi

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Bicicleta

Substantivo feminino

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